Falar em vida na Palavra é reconhecer a Escritura como referência para a vida cristã. A Palavra não se limita à transmissão de conteúdos religiosos; ela orienta escolhas, organiza valores e fundamenta posturas. Quando permanece restrita ao discurso, perde sua força formativa e se reduz a linguagem religiosa.
Ao afirmar “Sede praticantes da Palavra, e não somente ouvintes” (Tiago 1:22), o apóstolo Tiago escreve a comunidades cristãs dispersas que enfrentavam perseguições externas e conflitos internos. Seu ensino integra uma exortação mais ampla sobre maturidade espiritual, deixando claro que a fé autêntica se manifesta por meio de uma vida coerente. Para Tiago, ouvir sem praticar não é neutralidade, mas autoengano.
Assumir a Palavra como critério implica permitir que ela exerça sua função corretiva. A Escritura não apenas consola; ela confronta, revela incoerências e orienta o processo de transformação. Essa dinâmica é parte constitutiva da fé cristã.
Nesse sentido, a questão central não é quanto conhecemos da Bíblia, mas em que medida ela tem orientado nossas decisões, nossas relações e nossas prioridades. Em quais áreas da vida temos submetido nossas escolhas à Palavra? Em quais temos mantido autonomia diante dela?
É a partir dessa reflexão que este projeto se propõe: ler a Escritura com seriedade e assumir sua autoridade como princípio orientador da vida cotidiana.